Esse post procura responder aquelas dúvidas frequentes tais como: se determinada embalagem é reciclável ou se deve ser descartada em lixo comum; onde são os pontos de entrega para reciclagem de eletrônicos, lâmpadas fluorescentes, latas de tinta etc.
Primeiramente cabe esclarecer que resíduos são materiais, substâncias, objetos ou bens descartados resultante de atividades humanas. Rejeitos são resíduos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação, não apresentem outra possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada.
As regras legais de 2010, entre elas a Política Nacional de Resíduos Sólidos, foram responsáveis por estabelecer um marco legal que possibilitou o desenvolvimento do modelo de direcionamento, coleta e aproveitamento de resíduos sólidos recicláveis no país.
O universo da reciclagem é complexo e divergente devido à variedade de materiais recicláveis e não recicláveis; à cultura de reciclagem do consumidor; à falta de informação padronizada nos rótulos dos produtos; ao desafiador processo de coleta e separação dos materiais; e à transformação industrial de resíduos em produtos de valor (preferencialmente por um custo menor ou igual à produção de um novo).
Quando se estuda o tema "reciclagem" nota-se falta de comprometimento da sociedade, falta de consenso sobre a reciclabilidade de alguns materiais, conflitos de interesse e escassez de estatísticas confiáveis.
Quanto mais informação científica disponível mais consciente será o consumo, sobretudo na associação da compra de produto tendo em vista seu processo de reciclagem.
O consumidor é a parte poderosa da relação entre produção e consumo. Basta, por exemplo, decidir não consumir bens cujos resíduos sejam difíceis de reciclar, para que a indústria aprimore as embalagens, atendendo assim requisitos de menor impacto ambiental.
Resíduos Sólidos Urbanos
Os resíduos sólidos são classificados de acordo com a tabela 1, segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos:
Tabela 1 – Classificação dos Resíduos Sólidos
Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), em 2018 foram gerados 79 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos (1ª e 2ª linhas da tabela 1). Dos quais 72,7 milhões de toneladas foram recolhidos, mas 6,3 milhões de toneladas foram deixados nos locais de geração.
Parece pouco, mas para se ter uma ideia da magnitude do número acima, considerando somente a dimensão peso (e não volume), essas 6,3 milhões de toneladas equivalem a mais de 100 navios Panamax (60 mil t) de resíduos não recolhidos em 2018.
Olhando pela ótica do volume, sabemos que 231 kg de resíduos (incluindo matéria orgânica) equivalem, em média, a 1 metro cúbico. Considerando que um prédio de 35 andares (4 apartamentos de 70 metros quadrados cada) tem um volume de 33.600 metros cúbicos chega-se ao resultado de que as 6,3 milhões de toneladas de resíduos urbanos não coletados em 2018 equivalem, em volume, o mesmo que 812 prédios de 35 andares.
Das 72,7 milhões de toneladas coletadas somente 59,5% tiveram destino adequado. O restante, 29,4 milhões de toneladas (40.5%), foi encaminhado para lixões e aterros com alto risco de poluição ambiental.
O gráfico 1 mostra a impressionante geração diária de resíduos sólidos urbanos per capita nas 5 regiões brasileiras.
Gráfico 1 - Geração Regional Per Capita por Dia de Resíduos Sólidos Urbanos em 2018 (kg/habitante por dia)
Pode-se afirmar que geramos diariamente muito resíduo!!
Ainda segundo a Abrelpe, dos 5.570 municípios brasileiros, 4.070 municípios (ou 73%) dispunham em 2018 de iniciativas de coleta seletiva (embora muitos municípios não atendem todos os seus bairros) . 27% dos municípios brasileiros não recolhem separadamente resíduos sólidos.
Os dados da CEMPRE (Compromisso Empresarial pela Reciclagem) dizem o contrário, apenas 22% dos municípios brasileiros (ou 1.227 municípios) possuem coleta seletiva. O Gráfico 2 mostra a composição da coleta seletiva, conforme a Cempre.
Gráfico 2 - Composição da Coleta Seletiva
Pode-se notar que os materiais mais coletados são rejeitos (26%), mostrando que cabe ao consumidor não encaminhar esse resíduo para a reciclagem (veja o que são os rejeitos mais adiante).
Mais adiante informo também os preços pagos pelos resíduos sólidos e maio de 2020.
Matéria orgânica
Em média pouco mais de 50% dos resíduos sólidos são compostos de matéria orgânica. Parte desse material pode se transformar em fertilizante natural!
Para quem possui uma chácara ou casa de veraneio essa alternativa é extremamente viável, de baixíssimo custo e trabalho, além de ser revertida em fertilizante para hortaliças e consequentemente alimento de qualidade para toda a família. O próximo post aqui no Manual da Chácara será dedicado à compostagem, inscreva-se no site e receba o artigo em primeira mão!!
Resíduos recicláveis e não recicláveis
Pode-se dividir os resíduos nos seguintes grupos: plásticos; metais; papeis e papelões; vidros; eletrônicos; resíduos perigosos; e rejeitos.
Existe muita controvérsia na classificação de alguns materiais como recicláveis ou não recicláveis!
O caso clássico é a embalagem de salgadinho, que para garantir a máxima qualidade alimentar após a sua produção, criaram-se embalagens compostas por lâminas de diferentes materiais plásticos. Esses resíduos podem ser reciclados mas o processo é inviabilizado devido ao custo e a complexidade. Ou seja, devem ser descartados em lixo comum.
As tabelas 2, 3, 4 e 5 mostram exemplos de materiais recicláveis e não recicláveis das primeiras 4 categorias.
Tabela 2 – Reciclagem de Plásticos
Tabela 3 – Reciclagem de Metais
Tabela 4 – Reciclagem de Papeis
Tabela 5 – Reciclagem de Vidro
Quem mora em fazenda, sítio ou chácara não atendidas pelo sistema de coleta seletiva do município pode separar os materiais recicláveis e levá-los em algum ponto de coleta. No site da CEMPRE (http://cempre.org.br/) você pode localizar a presença em sua região de cooperativas, sucateiros e recicladores de diversos materiais recicláveis.
Qual o valor do resíduo reciclável?
A tabela 6 mostra os preços médios pagos por alguns resíduos recicláveis divulgados pelo site do CEMPRE (www.cempre.org.br).
Tabela 6 – Preços Médios Pagos por Resíduos Sólidos
Nota-se que o valor pago pela tonelada do alumínio explica a preferência dos catadores e o seu alto nível de reciclagem.
O plástico PET também é valorizado. Por outro lado, as embalagens tetra pak e os vidros são os menos valorizados.
Para um catador de vidro ganhar o mesmo que ganha com alumínio deve recolher em peso de vidro o equivalente a 31 vezes.
Resíduos tratados separadamente dos recicláveis
Os rejeitos, resíduos eletrônicos e resíduos perigosos (tabelas 7, 8 e 9) devem ser tratados de maneira diversa em relação aos plásticos, metais, papeis e vidros, por necessitarem destino diferenciado da reciclagem usual.
Tabela 7 – Rejeitos
Os rejeitos são resíduos sólidos que não podem ser reciclados e devem ser encaminhados ao lixo comum. O que nos sugere que devemos racionalizar o consumo desses materiais.
Tabela 8 – Resíduos Eletrônicos
Tabela 9 – Resíduos Perigosos
Onde descartar resíduos eletrônicos e perigosos?
Os eletrônicos e os resíduos perigosos devem ser descartados nos chamados Pontos de Entrega Voluntária (PEV). O consumidor deve se responsabilizar em armazenar esses materiais em sua casa até que possa deixá-los a algum PEV.
As instituições são mantidas por associados da indústria ou revendedores, dentro das práticas da chamada Logística Reversa, que demonstra a responsabilidade dos referidos setores em dar destino adequado aos bens que produzem e comercializam.
Seguem alguns sites onde você pode consultar as listas completas de bens que podem ser entregues e localizar o PEV mais próximo.
Eletrônicos
Resíduos perigosos
Embalagens de agrotóxicos
Embalagens plásticas de lubrificantes
Lâmpadas fluorescentes
Latas de tintas
Medicamentos e embalagens laminadas de medicamentos
- diversas farmácias recebem esse resíduo.
Óleo de comestível usado
Óleo de motor usado
- levar em qualquer posto de combustível e despejar no recipiente apropriado.
Pilhas e baterias
Pneus
Considerações finais
Diante da diversidade de temas relacionados à reciclagem de resíduos sólidos o consumidor, antes de adquirir um determinado bem, deve se perguntar sobre o destino da embalagem e processo de reciclagem.
Atitudes sustentáveis são muito fáceis, tais como priorizar o consumo de alimentos a granel e menos processados, utilizar embalagens que podem ser usadas diversas vezes etc.
Além disso, cabe ao consumidor antes de separar os resíduos recicláveis, desagregar as embalagens mistas como tampas, rótulos da garrafa PET; tampas de metais de garrafas de azeite, destacar os plásticos de embalagens de papel, encaminhar as caixas de papel e bulas de remédios para a reciclagem usual e o restante para os PEVs em farmácias, entre outras atitudes.
Lelislação, sites consultados e bibliografia on line
Legislação sobre reciclagem de resíduos sólidos
Sites consultados
Bibliografia
- CEMPRE. Cempre Review 2019.
- MMA / MEC / IDEC. Manual de Educação para Consumo Sustentável. Brasília, 2005.
- SILVA, M. C. e SANTOS, G. O. Densidade Aparente de Resíduos Sólidos Recém Coletados. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará, IFCE. 2010
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